quarta-feira, 25 de maio de 2011

Tititi

Às 7h da manhã começa a movimentação. Aos poucos elas vão chegando e ocupando os lugares no ônibus. Começa aquele burburinho. 
Elas estão por dentro de tudo que acontece. E uma vai informando a outra sobre o que acontece na casa dos patrões. Parece mais um jornal diário de fofoca em que o  meio de transmissão é o telefone sem fio.  E ai de um que diga que estão fofocando, na linguagem delas isso é manter-se atualizado. Está por dentro de tudo que acontece para não correr o risco de passar pela mesma situação.
Tenho a sensação de está em uma feira livre, e não dentro de um ônibus. Mas a manchete da vez era Joana. A mais extrovertida do grupo pede para falar. Um tititi que estava rolando com a sua colega, que por sorte não estava no bus também.
“Maria você não sabe o que sucedeu com Joana?”
“O quê mulher?”
“A patroa deu um carro zerinho. E com pouco tempo a coroa morreu, agora a família quer tomar de volta.”
“Um carro zero, meu deus, que babado?”
“Patroa boa essa porque a minha nem os calçados velhos me dá.”
“A minha dá umas roupas usadas pras meninas lá em casa. Mas zero nunca, piorou um carro.”
 Chegamos ao primeiro ponto duas do grupo se despedem. No decorrer do trajeto a grande reunião vai se desfazendo. O barulho desaparecendo. Agora só as cigarras causam burburinho. A notícia repercutiu até no mundo animal.

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